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09/12/2009
O Incrível Conto - Splendoor #20
Província de Nodya, ano 3801, dia 05, 18h11min
Estalos. Ouviam-se estalos por todo lugar. Eram gotas de chuva que caíam por ali, sem anunciar o final do tempo fechado. Afinal esse já era o terceiro mês consecutivo de chuvas, acompanhado de poucas tempestades. As ruas estavam ensopadas desde então, e todos usavam barcos para transportar-se.
Um bando de cachorros abandonados brigava entre si e deformavam as figuras nas poças d’água. Ninguém mais suportava aqueles respingos do dilúvio.
E do alto de um obelisco - construído há cerca de oitocentos anos – dependurava-se um jovem rapaz pensativo. Os que passavam de barco tentavam alertá-lo de que a chuva o faria ficar doente. A resposta que todos recebiam era sempre a mesma: “-Não vou me molhar”.
Todos ali achavam aquele menino maluco. Os olhos não eram normais: o castanho misturado a uma cor escura mais uma órbita cheia de brilho – o que certamente chamava a atenção dos moradores daquela cidade.
O menino enfim desceu de lá de cima e mostrou-se satisfeito pela vista do local: perto, tudo era água. Mas a visão de longe – um pôr-do-sol de dar inveja que se recobria nas montanhas com uma fina camada de névoa – fazia com que o espírito de Haru se acalmasse.
Era um “espadachim sem espada” – modo como ele nomeara-se desde que perdera a arma durante uma missão – e que não usava armadura. Não bastasse isso, usava em sua cabeça um tipo de chapéu feito à mão que tampava metade da cabeça.
Quanto ao semblante, era calmo como as águas que corriam por aquela cidade em que estava.
Ele continuou ali, pensando, por mais alguns segundos e resolveu descer num pulo. Antes de cair e ficar ensopado, uma surpresa:
Haru sabia utilizar técnicas especiais do fogo, e conjurou uma ponte em chamas para si entre um barco e outro. Todos o olharam como se nunca tivessem visto magia antes – o que, de fato, era a verdade.
-Moço, o que é isso aí? – Uma menininha estava num barco próximo do caminho de Haru e o olhava admirada.
-Isso é fogo mágico.
-E não queima? – A pequena esticou o braço, tentando descobrir a resposta para sua pergunta. A mãe dela notou o perigo das chamas e a afastou logo de Haru.
-Venha, essas chamas diabólicas não são confiáveis!
Logo, todos haviam se afastado de Haru por conta do medo. O garoto continuou sua viagem sem se preocupar e seguiu para a saída de Nodya, cuja caminhada para o próximo destino levou cerca de 35 minutos. À medida que andava, Haru via que a chuva engrossava mais.
Quando a chuva tornou-se tempestade, a ponte parecia não aguentar mais e cedeu. Haru então conjurou uma magia e procurou usar as chamas para uma travessia seca, como antes. Ele sabia que usar magia de fogo tantas vezes em um dia o desgastaria, porém estava com pressa.
Existia uma pessoa com quem Haru precisava se encontrar. Um amigo bem próximo que lhe faria um favor em troca de outro – isso era tudo o que Haru sabia – e que se localizava depois de Fars, uma grande colina de rochas que no passado era de uma altura tão impressionante que todos diziam ser a “travessia para os céus”. Agora, era só um punhado de pedras quebradas pela força de trovões e raios que a tempestade trazia consigo.
O objetivo de Haru era recuperar seu posto como espadachim – e, para isso, ele teria de arranjar uma nova espada – e mais uma vez lutar por sua honra contra o guerreiro que o desafiara e que o havia vencido.
Acontece que Fars situava-se em um lugar pouco conhecido, no final de um pântano extremamente tomado de animais selvagens, sendo a maioria constituída por espécies nunca vistas ao redor do mundo. Em suma, era um local muito difícil de se achar e de sair.
Haru era um rapaz jovem – considerado um verdadeiro prodígio para sua raça de guerreiros experientes em magia e manuseio de espadas – e não era impaciente. Pelo contrário, mantinha-se calmo sob qualquer circunstância e não hesitava em ferir os inimigos.
Sua única fraqueza parecia ser a ingenuidade, ou a facilidade para cair em truques que exigem a confiança cega em outras pessoas. Também possuía pena de criaturas inferiores e que correm riscos para protegerem a si e suas crias.
Mas o que Haru definitivamente não suportava era algo bem simples e que parecia persegui-lo desde sempre: a chuva. A água em abundância que lavava as pessoas dia e noite, durante meses, era um total aborrecimento para Haru.
Seus cabelos lisos e castanhos estavam sempre molhados, pregados à testa pequena de Haru. Seus trajes pareciam sempre carregar um oceano em si e o chão era sempre escorregadio. Para alguém que domina o fogo, passar por províncias alagadas era um pesadelo.
-Vamos ver, depois de Nodya... – Haru escondera-se embaixo de uma árvore grande para ler um mapa -...Província de Sulet. Ah, estou chegando bem perto...
O garoto sentia-se satisfeito por ter ultrapassado mais uma pequena província. Em três dias – tempo estimado por exploradores natos – Haru estaria finalmente em Fars. Mas antes ele teria que descansar para a batalha que estava por vir.
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