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16/12/2009
O Incrível Conto - Splendoor #23
Colina Fars, ano 3801, dia 17, 04h29min
Vários pedregulhos amontoavam-se num céu sempre chuvoso e formavam uma passagem escorregadia para Haru atravessar. Ele descansara na última província pela qual passara mas sentia-se exausto ao desviar de cada pedra solta.
Só mais um pouco, já estou chegando.
Sua atenção era toda ao pensamento de chegar até onde queria. E sua ambição o manteve distraído enquanto o céu cinza formava suas nuvens para um ataque cruel e massivo de relâmpagos e gritos estrondosos de trovão.
Quando o primeiro fio branco desceu as rochas, sua mira fora quase em cheio para acertar Haru e queima-lo em instantes. O garoto teve sorte por pular e se salvar, mas sentiu que os céus de Fars eram traiçoeiros com qualquer viajante.
Eu quase morri... concentre-se, Haru, concentre-se!
O barulho que vinha com os raios e relâmpagos parecia tremer toda a terra, e o chão encharcado implorava por sangue. Era esse o pensamento que os viajantes deveriam ter quando vissem o clima inóspito de Fars, a colina que no passado fora objeto de triunfo para os homens e que no presente não significava nada além de rochas envoltas no inferno.
As nuvens estavam assustadoramente carregadas e prontas para castigar a terra durante a caminhada de Haru. Ele apressou-se ao recitar um canto de guerra e juntou as mãos para formar o fogo mágico.
-O que eu trago é nada mais que uma história. A palavra dos lutadores clama pelas almas dos pecadores. Estará no campo de batalha apenas o cálice de sangue do orgulho. O preço da justiça carregamos pelos mundos e o dia da ilusão está chegando. – Com uma esfera média já formada, Haru pula e a usa para um salto impulsionado em meio aos pingos que fuzilam o ar denso. – Toda a angústia vai cair e nenhum oponente sobreviverá para mudar o que nós fomos.
E até o final essas chamas ajudaram Haru a desviar dos relâmpagos e sair do território alarmante de Fars, o que lhe custara cerca de três ou quatro horas.
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